Veio a mim esta palavra do Senhor:
"Filho
do homem, profetize contra os pastores de Israel; profetize e
diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano Senhor: Ai dos pastores de Israel que
só cuidam de si mesmos! Acaso os pastores não deveriam cuidar do
rebanho?
Vocês comem a coalhada, vestem-se de lã e abatem os melhores animais, mas não tomam conta do rebanho.
Vocês
não fortaleceram a fraca nem curaram a doente nem enfaixaram a ferida.
Vocês não trouxeram de volta as desviadas nem procuraram as perdidas.
Vocês têm dominado sobre elas com dureza e brutalidade.
Ezequiel 34:1-4
"Veio a mim esta palavra do Senhor: "Filho
do homem, profetize contra os pastores de Israel; profetize e
diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano Senhor: Ai dos pastores de Israel que
só cuidam de si mesmos! Acaso os pastores não deveriam cuidar do
rebanho?
Vocês comem a coalhada, vestem-se de lã e se aproveitam de tudo o que há de melhor das ovelhas, mas não tomam conta do rebanho. Vocês
não fortaleceram a ovelha fraca, nem curaram a doente, nem enfaixaram a ferida.
Vocês não trouxeram de volta as desviadas, nem procuraram as perdidas.
Vocês têm dominado sobre elas com dureza e brutalidade." Ezequiel 34:1-4
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Reportagem especial divulgada no Jornal A GAZETA (ES) no dia 01 de setembro de 2013.
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Na Idade Média, o comércio de relíquias sagradas e mesmo de um pedaço do
céu garantia ao homem pecador a possibilidade de se livrar da pena
adquirida pelos seus erros.
Na modernidade, as indulgências
continuam a exercer o mesmo poder. Porém, seus conceitos foram renovados
e embutidos em produtos e serviços, como seguros de vida associados a
Cristo, amuletos da salvação, cartões de crédito missionários,
consórcios de viagem espiritual a Israel, pílulas de emagrecimento
milagroso, carnês da cura que são vendidos por igrejas, seitas e grupos
religiosos nos templos, na internet e na TV.
Em alguns casos,
não é preciso comprar diretamente a “bênção”. Ao fazer doações em
dinheiro ou de bens, o religioso está apto a receber, não só um mover
sobrenatural, mas, também brindes e presentes, como CDs de músicos
famosos, DVDs de grandes pregadores, revistas religiosas, cadernos,
livros sobre fortalecimento da crença, almofadas e toalhinhas cheias de
poder e água consagrada capaz de realizar transformações.
No
mercado da fé, que tem movido no Brasil uma montanha de dinheiro –
aproximadamente R$ 15 bilhões ano no Brasil– há casos de empresas e
instituições religiosas que chegam a vender a “Santa Ceia” e “óleo da
unção” pelos Correios.
No
entanto, um dos produtos sagrados que têm causado polêmica no Brasil é o
Seguro de Vida e Auxílio Funerário 100% Jesus, de R$ 24,90 mensais,
comercializado pela Igreja Mundial do Poder de Deus, em parceria com a
corretora Sossego e a Mapfre.
No Estado, a promotoria de Defesa
do Consumidor de Vitória começou a investigar a regularidade do serviço.
A intenção é verificar se o nome do seguro é coerente, respeita a
harmonia das relações de consumo ou se faz propaganda enganosa.
“Notificamos a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e
vamos esperar um parecer quanto à legalidade do serviço para verificar
se o nome do serviço faz com que o consumidor fique vulnerável”, explica
a promotora Sandra Lenbruber.
O seguro tem cobertura de R$ 8 mil e assistência funeral de R$ 3 mil, mais vale-alimentação por seis meses aos beneficiários.
Em um vídeo publicitário na TV, transmitido nos comerciais do programa
da igreja, os donos do seguro tentam chamar a atenção do consumidor ao
mostrar um homem atormentado, com medo de morrer. Num criado-mudo, ao
lado da cama do personagem, aparece uma Bíblia e ao ouvir o locutor da
peça publicitária falar das vantagens do serviço, ele sorri, apaga a luz
do quarto e volta a descansar aliviado.
Ida à igreja A
GAZETA foi a uma Igreja Mundial de Vitória na tentativa de comprar o
seguro. O pastor do local, bem receptivo, disse que o serviço ainda não
foi lançado nas igrejas e que por enquanto estava à venda apenas no site
da Mundial e na TV.
A reportagem entrou no site da Igreja
Mundial (www.impd.com.br), porém, as informações sobre os planos de
benefício, que até junho estavam na página, foram retiradas devido à
repercussão que a história alcançou na mídia nacional. As vendas agora
são feitas por outra página (www.sossego.com.br/jesus).
No site, há, inclusive, o depoimento de um dos bispos da entidade sobre a qualidade do produto.
“O Seguro 100% Jesus garante a sua tranquilidade financeira e de sua
família nos momentos difíceis e evita que vocês fiquem desamparados. É
seguro como a sua fé. Eu já contratei o meu”, afirma o bispo Fábio
Valentte.
O apóstolo e líder da Igreja Mundial, Valdemiro Santiago, nos cultos na
TV, tem negado que o seguro seja da igreja. Ela afirma só recomendar
que os “obreiros” adquiram o produto apenas para proteger suas famílias.
Ao ligar para os canais de vendas do seguro, uma gravação eletrônica
afirma vender produtos intitulados “família tranquila”. A atendente diz
pertencer a uma empresa terceirizada contratada pela Mundial e pela
Sossego para fazer a venda do seguro.
A Susep informa que o
Seguro de Vida 100% Jesus se trata de um nome fantasia para um produto
existente, vinculado à Mapfre. Por isso, não estaria irregular.
A
Mapfre afirma que está vinculada ao produto, porém, explica que: “a
adequação do produto quanto ao nome e às coberturas é de
responsabilidade da instituição religiosa e da corretora.” A Igreja
Mundial foi procurada, mas não respondeu à reportagem.
Carnê de cura substitui tratamento
O
carnê da cura de uma igreja neopentecostal, pago todo o mês, prometia
sarar a avó de Antonio Affonso do diabetes. Crente que estava livre da
doença, ela parou de se cuidar. Um dia, a alta taxa de glicose, provocou
nela um AVC fatal. “Fui conversar com o pastor e ele disse que minha vó
morreu porque não teve fé suficiente. O valor que deveria ser pago à
igreja dependia da doença e do poder do milagre esperado”, conta Antônio
que é pastor Batista Reformado. Ele se converteu ao
protestantismo anos após a morte de sua avó e afirma que não há no
Cristianismo espaço para a compra da salvação. “Ela é pela graça. O que
vejo é que há muitas igrejas abusando da inocência das pessoas. O povo
brasileiro é místico e carente e acaba sendo atraído por pessoas que
oferecem óleo santo, pedaço da cruz. Há uma mercantilização da fé, com
apelos para as ofertas”.
Foto: Ricardo Medeiros
Sou contra a venda de
produtos na igreja. Não vejo ninguém comercializando bênção. O lencinho é
gratuito”. Hércules Lima membro da Mundial
Óleo da bênção vira brinde
Algumas
igrejas não vendem produtos consagrados, porém prometem brindes
materiais e espirituais para fiéis que fazem doações. Há casos de
denominações que presenteiam seus membros até com chaves sagradas e
entregam para os frequentadores, dentro do envelope do dízimo, um
pequeno frasco de um óleo ungido, capaz de “resolver todos os
problemas”. O líquido deve ser passado nos ouvidos para que a pessoa
receba boas notícias. Membro da Igreja Mundial, Hércules
Lima não se separa do lenço da bênção, que ganhou da instituição. Ele
afirma que em sua igreja não é uma prática vender objetos sagrados. O
que ocorre é a entrega de presentes àqueles que doam.
“Não há a
comercialização de livros e DVDs. Não acho correto uma denominação
vender produtos. Ninguém está acima da Palavra de Deus. Ela proíbe essa
prática. Quanto às doações, não há nada imposto. Mas a pessoa tem que
ter consciência que, quando dá algo a alguém, pode receber um brinde ou
mesmo um presente no futuro, lá no céu”.
Estímulo à doaçãoCom
discursos encorajadores, e com promessas de salvação ou de retorno em
dobro dos bens, a máxima “é dando que se recebe” tem tomado conta das
orações.
Os pedidos são feitos para arrecadar dinheiro para a
construção de igrejas. Tem pastor que chega a vender, pela TV, Bíblia
por R$ 900 e afirma que o dinheiro levantado servirá para ajudar nas
obras de um importante templo.
A GAZETA foi a duas igrejas em
Vitória e constatou que as doações, muitas vezes, são vinculadas a
bênçãos. Na Igreja Universal do Reino de Deus, enquanto pedia ofertas
para os fiéis, para ajudar na construção do Templo de Salomão, que
ficará no Brás, em São Paulo, o bispo estipulou um valor médio de R$ 1
mil para ser doado.
Foto: Ricardo Medeiros
Lenço, água e óleo consagrados recolhidos em igrejas
Os exemplos de quanto poderiam doar chegaram aos R$ 20 mil. Algum
tempo depois ele mudou o discurso. “Eu não vou falar o teu valor. Ou mil
pra cima ou mil pra baixo. Falo esse valor só para lhe mostrar a
importância de gravar esse número. Porque Deus quer te fazer grande”.
Já na Igreja Mundial do Poder de Deus em Vitória, foi constatada a
entrega de brindes, como uma chave consagrada para quem fizesse doações
“ouro, prata ou bronze”.
Lá também
o fiel pode dar ofertas por meio de dois carnês: o da multiplicação –
com valores de R$ 30, R$ 50 e R$ 100 –, e o das Grandes Realizações – no
valor de R$ 100. Todos contêm o número de três contas
bancárias para depósitos. Em letras pequenas, no verso da folha,
encontra-se escrito “Faça aqui o seu pedido”.
Segundo o pastor
Batista Antonio Affonso, as doações feitas às igrejas e os dízimos não
devem estar ligados a promessas nem a brindes. E afirma ainda que o
recurso deve ser aplicado nas igrejas locais. “Uma denominação não pode
pedir dinheiro de forma nacional”.
Ele explica que uma das
propostas das ofertas é a manutenção das atividades e que parte dos
recursos podem ser aplicada no desenvolvimento de serviços comunitários.
“Tem uma igreja em Cabo Frio (RJ) que utiliza parte das ofertas para
construir casas para pessoas carentes. É louvável. Meu sonho era
construir um prédio para atender à comunidade, oferecendo serviços
sociais. A igreja tem que atender à comunidade, não pensar só em si
mesma”.
Adesão à venda porta a porta
A moda do marketing de vendas diretas chegou às igrejas. Grupos
religiosos estão oferecendo aos fiéis a possibilidade de se tornarem
revendedores de livros, Bíblias, CDs e ainda ter uma alta lucratividade.
Dois pastores e tele-evangelistas de renome nacional estão
comercializando um modelo de revendas de porta em porta e prometendo
ganhos de até 100% aos sócios.
Um dos casos é do pastor Silas
Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de
Janeiro, e dono da editora Central Gospel.
O tele-evangelista
tem divulgado na TV e também em suas páginas da internet a oportunidade
de negócios. Para quem se cadastrar, o pastor promete até disponibilizar
uma máquina de cartão de crédito.
O pedido mínimo que deve ser
feito durante a adesão é de R$ 300 para qualquer categoria de
revendedor: prata, ouro ou diamante. O lucro prometido varia de 25% a
100%.
Outro pastor que aderiu ao sistema de vendas diretas é R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Segundo publicidade no jornal da igreja e no site
www.catalogodopovo.com.br, a pessoa pode se tornar um consultor de
sucesso e lucrar muito.
O site afirma que ao formar consultores o
objetivo do negócio é “levar o Evangelho do Senhor Jesus aos perdidos e
também aos que precisam crescer na fé”, diz. O pedido mínimo para quem é
consultor é de R$ 160. A lucratividade é de 30% do valor investido.
Suspeita de pirâmide gospel no mercado Temas evangelísticos e produtos missionários também são usados para chamar pessoas para o setor de marketing multinível.
Foto: Divulgação
Site Eu Evangelizo oferece ganho em recrutamento
Enquanto a força-tarefa de promotores de defesa do consumidor
investiga 80 empresas suspeitas de formação de pirâmide financeira, o
site Eu Evangelizo (www.evangelizo.com) oferece lucratividade para quem
recrutar novos associados, interessados em comprar kits com materiais de
evangelização.
O site afirma que o Eu Evangelizo é da Igreja
Evangélica Missão Apascentar e garante lucro até o sétimo nível da rede
do associado.
A GAZETA procurou os responsáveis pelo site, por meio do e-mail contato@euevangelizo.com, mas ninguém respondeu.
A Igreja Apascentar, sediada em Nova Iguaçu, foi procurada e se
surpreendeu com a utilização do nome da entidade em um trabalho de
marketing de rede.
Em nota, o pastor da igreja, Marcus Gregório,
disse não recomendar e não ter esse tipo de parceria. “Não
desenvolvemos em nosso ministério esse trabalho de marketing multinível,
assim como não apoiamos tal trabalho, nem abençoamos. Na verdade
amaldiçoamos e repudiamos quem está usando o nome da igreja para esse
fim e até mesmo arrecadando dinheiro. O nome Apascentar está sendo usado
indevidamente, sem nosso conhecimento e autorização legal”.
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"No
passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão
entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias
destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo
sobre si mesmos repentina destruição.
Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade.Em
sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há
muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não
tarda." 2 Pedro 2:1-3
No
passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão
entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias
destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo
sobre si mesmos repentina destruição.
Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade.
Em
sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há
muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não
tarda.
2 Pedro 2:1-3
FONTE: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/08/noticias/dinheiro/1458897-cuidados-com-as-armadilhas-do-mercado-da-fe.html